“Convido todos a renovar a própria determinação em perseguir, com coragem e generosidade, a unidade que é vontade de Deus, seguindo o exemplo de São Paulo, que diante da dificuldade de todos os tipos conservou sempre firme a confiança em Deus que leva ao cumprimento da sua obra”. Foi o pedido do Papa Bento XVI nesta quarta-feira, 25, nas Vésperas da Conversão de São Paulo.

A celebração marcou o encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e contou com a presença de delegados das diversas confissões cristãs na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, na Itália.

O tema proposto para a Semana de Oração deste ano – “Todos seremos transformados pela vitória de Jesus Cristo, nosso Senhor” – motivou a reflexão feita pelo Santo Padre. Ele afirmou que essa misteriosa transformação é demonstrada claramente na vida do Apóstolo Paulo. “Ao longo da estrada de Damasco, Saulo, que se distinguia pelo zelo com o qual perseguia a igreja nascente, é transformado em um incansável apóstolo do Evangelho de Jesus Cristo”.

Essa transformação não é resultado de uma longa transformação interior ou de esforço pessoal, destacou Bento XVI, mas é obra da graça de Deus. E tal mudança não se limita ao plano ético ou intelectual, mas se trata, principalmente, de uma renovação radical do próprio ser, semelhante a um renascimento, que se fundamenta na participação no mistério da morte e ressurreição de Jesus e se delineia em um gradual caminho de conformidade a Ele.

Esse mistério, de sermos transformados e conformados a imagem de Cristo, tocará todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo, explicou o Papa.

“A presença de Cristo ressuscitado chama todos nós, cristãos, a agirmos juntos na causa do bem. Unidos em Cristo, somo chamados a compartilhar a sua missão, que é aquela de levar a esperança onde dominam a injustiça, o ódio e o desespero. As nossas divisões deixam menos luminosos os nossos testemunhos de Cristo”, ressaltou.

O Papa afirmou que a espera pela unidade visível da Igreja deve ser paciente e confiante, e motivou os fiéis a estarem atentos às oportunidades de promover essa unidade entre os cristãos. “A postura de espera paciente não significa passividade ou resignação, mas resposta pronta e atenta a cada possibilidade de comunhão e fraternidade, que os Senhor nos dá”.

Bento XVI destacou que na cultura atual a ideia de vitória está ligada a um sucesso imediato, mas para os cristãos a vitória é um percurso longo, que vem de acordo com os tempos de Deus, não os nossos, e pede de nós uma profunda fé e paciente perseverança.

“Ainda que o Reino de Deus irrompa definitivamente na história com a ressurreição de Jesus, isso não está plenamente realizado, a vitória final virá somente com a segunda vinda do Senhor que nós aguardamos com paciente esperança”.

Participaram da Celebração sua Eminência Gennadios, representante do patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I; o Cônego David Richardson, diretor do Centro Anglicano de Roma, em nome do arcebispo de Cantuária, Rowan Williams; e ainda o pastor Jens Kruse, pároco da comunidade luterana de Roma; um delegado do patriarcado de Moscovo; um diácono da Igreja Ortodoxa da Grécia; e um delegado do patriarcado ortodoxo da Romênia.

Na saudação ao Papa, em nome de todos os presentes, o cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos cristãos, recordou que “só se nos convertermos a Cristo é que poderemos chegar àquela unidade que já nos foi dada em Cristo, mas que deve encontrar uma forma visível na nossa vida pessoal e na nossa vida como Igreja”.

Fonte: Canção Nova