O Convento de São Félix de Cantalice, no bairro do Pina, zona sul do Recife, ficou cheio de fiéis neste domingo (28/05) pela manhã, para a celebração eucarística dos 20 anos de morte de Frei Damião de Bozzano, frade capuchinho italiano conhecido pelas missões evangelizadoras que realizava na região Nordeste do Brasil.
O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, presidiu a celebração, concelebrada pelo vigário geral da Arquidiocese e bispo emérito de Nazaré, dom Severino de França, que pertente à fraternidade dos capuchinhos; pelo provincial dos capuchinhos no Nordeste, frei Franklin Alves; e por outros frades do convento.
A festa foi organizada para receber romeiros de todo o Nordeste. As missas foram celebradas em um galpão montado em frente à capela para comportar os visitantes. Os romeiros puderam também visitar o túmulo de Frei Damião, acender velas e rezar diante de uma estátua em tamanho natural. Frades do convento estavam à disposição para ministrar o Sacramento da Reconciliação em um corredor reservado para as confissões.
“Frei Damião era muito querido porque era muito próximo do povo; não mediu distâncias para evangelizar; não considerou seus problemas de saúde para ir até o irmão; foi sempre muito fiel às coisas de Deus e hoje é reconhecido por fiéis de todo Nordeste por todo amor e carinho que espalhou em suas missões”, disse dom Fernando Saburido. O guardião do convento, frei Cláudio Simões, falando sobre a fidelidade da multidão que participa todos os anos da festa, afirmou que, “antes de sua morte, frei Damião ia até o povo; depois de sua morte, é o povo que vem até Frei Damião”.
Participar da festa e pedir a bênção do frade capuchinho italiano que morreu há 20 anos no Recife é quase uma obrigação para romeiros de todo o Nordeste. O aposentado Pedro dos Santos veio de Juazeiro do Norte mais uma vez para a festa e fez questão de contar que só se reaproximou da Igreja pelo carisma de Frei Damião. “Eu sinto que ele é um santo e que fez esse milagre em mim, me levando de volta para a vida em Deus e fazendo melhorar a minha situação e a de minha família”, disse seu Pedro, abraçado à pequena imagem de Frei Damião que comprou na rua do convento.
O carinho por Frei Damião dispensa limites de idade ou distância. Caravanas chegam a todo instante, de todo lugar, com fiéis para participar da festa. Pessoas como dona Maria das Dores de Jesus, de 87 anos, da paróquia São Sebastião do Alto do Pascoal, em Recife, que vem ao convento todos os anos, desde o falecimento de Frei Damião. “Eu acho que ele deve ser canonizado, porque eu acompanhava Frei Damião na festa do Morro da Conceição e nas missas da Basílica da Penha, e ficava encantada com a disposição que ele tinha em falar de Deus, em evangelizar, mesmo tão velhinho, e participar dos eventos da Igreja, sendo exemplo para muita gente jovem que não se importa com isso”, disse.
O processo de beatificação e canonização do missionário capuchinho foi aberto em 2003. A documentação foi entregue ao Vaticano, organizada pelo vice-postulador da causa, Frei Jociel Gomes, OFMCap., e será vista no congresso de 18/02/2018. O povo nordestino espera, em breve, chamar o capuchinho de São Frei Damião de Bozzano, como reconhecimento pelo bem que fez à Igreja na região.
Frei Damião nasceu em Bozzano, município de Massarosa, Província de Lucca, na Itália, em 05 de novembro de 1898. Com problemas de coluna e de circulação, morreu no Recife, em 31 de maio de 1997, após derrame cerebral, aos 98 anos de idade.
Pascom AOR