Nesta sexta (29) é dia de festa em Fernando de Noronha. Os pescadores da ilha vão homenagear São Pedro, o padroeiro da categoria. As comemorações iniciam com a queima de fogos na alvorada, às 06h. Os fiéis também participam de uma missa, procissão, barqueata e ainda vão poder saborear uma peixada. As celebrações religiosas vão ser comandadas pelo padre José Leôncio (de João Pessoa – Paraíba) com a missa campal em frente à capelinha do Porto, que começa as 9h.

Depois da missa, a imagem do santo segue em procissão até o Porto para o início da barquetata. O cortejo marítimo segue pelas praias do chamado “mar de entro” (área da ilha voltada para o litoral brasileiro). A expectativa é que cerca de 20 embarcações participem da barqueta. No retorno ao Porto, é hora da peixada. O prato é preparado com cerca de 200 kg de peixe fresco e é servido acompanhado de pirão. A peixada é distribuída para os moradores e os turistas na festa. A iguaria sempre foi preparada por Maria do Carmo Dias Barbosa, de 80 anos e idade, conhecida como Dona Pituca, mas por problemas de saúde a moradora não vai comandar as panelas este ano. Uma colaboradora da Administração da ilha , que dá apoio as comemorações, vai preparar o almoço. Para encerrar as comemorações, tem show com o cantor Felipe França e o grupo de samba Depois da Missa .

A devoção
Por Marieta Borges

A devoção a São Pedro é antiga… Sempre praticou-se a pesca em Fernando de Noronha e era costume louvar-se o “padroeiro dos pescadores”, mesmo entre os presidiários que tinham a pesca como obrigação de trabalho. Não havia “festa”, na realidade. Apenas a parte religiosa, sem um lugar apropriado para a devoção. Fez-se a capela de São Pedro exatamente para que a devoção tivesse um lugar apropriado.

Com os militares a festa religiosa começou a ser estimulada. Mas a “barqueata” que hoje acontece nem poderia existir, porque os barcos na ilha eram limitados. Não havia o Turismo, nem recursos que impulsionassem a aquisição de embarcações, tanto para a pesca como para o lazer náutico. Somente no tempo do governo civil do território federal é que a festa começou a crescer em importância, ganhando o merecido destaque após a reintegração ao arquipélago (1988) e a transformação da população residente em empresários, adquirindo barcos para passeios, popularizando as atividades de mergulho e, assim, fazendo crescer a presença de embarcações no mar, por ocasião da festa de São Pedro.

A Anpesca – Associação Noronhense de Pescadores, assume até hoje a coordenação da festa, que conta com a comunidade católica noronhense no apoio da parte religiosa e com o apoio da Administração da ilha e dos empresários noronhenses, assumindo e ajudando na ornamentação do andor, na peixada de confraternização que encerra a festa e na celebração que a inicia.

*Marieta Borges é historiadora da Administração de Fernando de Noronha e especialista em religião. Contato : marieta@noronha.pe.gov.br

Reportagem: Ana Clara Marinho
Fonte: G1- Pernambuco