por Renata Vasconcelos

Padre Charles de Araújo tomou posse da coordenação arquidiocesana de Pastoral no último domingo (22), durante Missa Solene na Catedral da Sé em Olinda, presidida por Dom Fernando Saburido. A função é responsável por mais de cem Pastorais distribuídas por cento e cinquenta Paróquias nas dezenove cidades, além da Ilha de Fernando de Noronha. Nesta semana, Padre Charles concedeu entrevista ao site da Arquidiocese sobre suas expectativas para este novo tempo, desafios e projetos.

1- Quais suas expectativas para este novo tempo?

É realmente  desafiador auxiliar o Governo do Arcebispo na dimensão pastoral,haja vista que a ação prática da Igreja é a pastoral, a forma prática de viver e ser é essa. Então, a  expectativa  é muito positiva, a Arquidiocese tem um caminho pastoral bem desenvolvido já mas, a gente tem que avançar mais . Tem que de fato colocar mais em prática , mais do que já é colocado em prática, os anseios do Papa Francisco de ser uma Igreja em estado permanente de missão, uma Igreja em saída, uma igreja sinodal , que caminha com todos , uma Igreja acolhedora , principalmente uma Igreja que leva a todos uma mensagem do Evangelho, da Boa nova. Também temos a expectativa de aprimorar o serviço da dimensão dos Vicariatos e das comissões pastorais. 

2- Quais são os maiores desafios?

O primeiro desafio é fazer com que as pessoas entendam que a pastoral não é só reunião de grupos. Por que algumas  pessoas pensam logo que pastoral é reunião de grupo com horário, mas temos que  perceber que a pastoral na Igreja, já há muito tempo aqui no Brasil, é um caminho no qual a Igreja de forma organizada e planejada,  busca levar a mensagem do Evangelho para todas as pessoas , dialogando com todos , buscando com que todos entendam essa mensagem. Contudo, esse é o desafio maior por que as  pessoas ainda não entendem isso , na cabeça da maioria das pessoas, pastoral é se reunir , e a gente tem que avançar nesse sentido . Tem um autor,Agenor Briguente , que é um dos maiores pastoralistas do Brasil ,  ele fala que a pastoral dá o que pensar. E de fato, ela dá o que pensar muito, por que  ela tem que conduzir a gente a pensar se o que a gente está fazendo enquanto ação evangelizadora é de fato aquilo que Nosso Senhor espera de nós. Então, é esse o nosso maior desafio. Se a gente consegue refletir já é um grande passo , se a gente consegue ultrapassar essa barreira , já é um grande passo.

3- A Arquidiocese de Olinda e Recife é uma das maiores do Brasil , como o senhor pretende alcançar tantas pessoas, desta forma que estamos distribuídos aqui?

De fato, é uma Arquidiocese muito grande, são 19 cidades mais Fernando de Noronha , são mais de 4 milhões de habitantes . Então, de fato não é uma coisa que é fácil. Contudo, eu tenho consciência que o trabalho da coordenação de pastoral não é um trabalho solitário. Há um padre nosso aqui, da Arquidiocese , Pe. Paulo Dutra costuma dizer quando ele fala da coordenação de pastoral , que o coordenador de pastoral é o maestro , que deve ajudar a orquestra toda a tocar. Então, essa é a minha consciência : que eu não estou sozinho. Tem os assessores aqui da coordenação, vamos ampliar essa assessoria, apesar dela já ser grande , mas eu preciso que todos os Vicariatos participem , até então a gente não tem participação efetiva de todos os vicariatos . Mas, principalmente o clero. Essa é aquela meta que eu quero atingir , é chegar mais ainda ao nosso clero , dialogar mais com o clero , se aproximar mais do clero, visitar mais as paróquias, não só com as visitas pastorais. Mas, à medida que os padres precisarem da nossa ajuda . Eu acredito que se nós chegarmos no clero, e isso de uma forma pró-ativa , e ao mesmo tempo propositiva , a gente vai conseguir um bom trabalho .

4- Esse seria o novo  “rosto”  para a coordenação de pastoral do Padre Charles que foi dito no Rito de posse ?

Isso. Esse é o meu rosto.Eu quero ter uma maior proximidade com o nosso clero. Graças a Deus eu já consigo ter um bom  diálogo com todos. Essa vai ser a minha maior missão , se nós conseguirmos chegar no clero, a gente consegue chegar nas Paróquias, a gente consegue chegar no povo . Um dos maiores trabalhos que eu quero desenvolver é que o clero entenda que a dimensão pastoral ela é mais do  que urgente na nossa Igreja , se o clero abraça isso , a gente consegue vitórias .

5- A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema a Fome, as pastorais sociais terão uma atenção maior neste ano, por conta disso?

Não apenas em 2023, mas será também uma das marcas da minha função como coordenador de pastoral. Por que , como eu disse, a pastoral é essa ação prática da Igreja e não há como pensar a ação prática da Igreja sem considerar a dimensão social. E , claro, o Papa Francisco tem chamado muito a atenção para que nós sejamos uma Igreja acolhedora, e isso é essencial. E as pastorais sociais em todas as suas dimensões, nos ajudam a pensar essa forma de acolher não de forma simplesmente inovadora , por que não acredito que a questão não é inovar , mas a questão é de fato chegar, a quem necessita , a quem precisa .Nós estamos vendo que as pessoas estão sofrendo muito ainda com as questões ligadas à pandemia. É por isso que nós devemos acolher, porque as pessoas precisam de um abraço. Além da dimensão social do alimento, nós estamos vendo a tragédia ligada à fome no Brasil . Então, a gente precisa ir até essas pessoas. Não se trata apenas de uma fé de proselitismo , mas é de fato ir e levar a mensagem do Evangelho, dentre as quais as vítimas da fome, mas também as pessoas que sofrem atentado à vida de forma geral. Nós estamos vendo que a vida humana está sendo descartada de forma absurda , não só com fome, com as drogas, com a violência, e como Igreja nós não podemos ficar de braços cruzados nessa situação , nós temos que enxergar isso , tentar propor coisas concretas.

6- Qual sua mensagem final?

Eu espero contar com todos. Essa é minha intenção, contar com todos da Arquidiocese , porque , sozinhos a gente não consegue nada, eu digo sempre com nosso povo : juntos nós somos mais fortes , porque sozinho , eu não consigo nada. Ninguém é uma ilha . Então, eu conto com o povo de Deus, para  que me ajude nessa missão, e a gente está sempre aberto para escutar, e também para propor.