O frade capuchinho Jociel Gomes presidiu, na manhã desta sexta-feira (05/07), na Basílica Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José, no Recife, missa em memória do Servo de Deus Dom Vital de Oliveira, que foi bispo de Olinda no período de 1871 a 1878, e cujo processo de beatificação e canonização está em andamento, em Roma.

A missa foi concelebrada pelo reitor do Seminário Maior da Arquidiocese de Olinda e Recife, padre João Bosco Costa Lima, que é grande estudioso da vida de dom Vital, e pelo padre Moisés Coelho, reitor do Santuário Nossa Senhora da Conceição, localizado no município de Pedras de Fogo, onde dom Vital nasceu – na época do nascimento de dom Vital, o município era território de Pernambuco, mas hoje faz parte do estado da Paraíba.

Dom Vital foi o primeiro frade capuchinho do Brasil e das Américas a ser nomeado bispo. Seu episcopado foi marcado por tensões, sendo vivamente hostilizado pelos inimigos da Igreja e suas seitas secretas. O bispo chegou a ser preso durante um ano e meio, sempre defendendo a Igreja. Na missa desta sexta-feira, frei Jociel Gomes afirmou aos fiéis que dom Vital lutou muito em defesa de nossa fé católica. “Peçamos a ele que tenhamos também uma fé autêntica e genuína, capaz de transformar corações”, disse.

O padre Moisés Coelho comentou sobre a alegria de participar desta celebração, sabendo que na Basílica da Penha estão sepultados os restos mortais de dom Vital. “Fiquei muito emocionado quando o frei Jociel me convidou a incensar o túmulo de dom Vital e a fazer a homilia desta missa”, disse o padre. “Eu me senti muito honrado por viver esse momento”, disse.

Em sua homilia, o padre Moisés lembrou algumas virtudes do Servo de Deus Dom Vital: verdade, coerência, sinceridade, desejo de servir a Cristo. “Muitos escritores dizem que, no século XIX, não existiu uma pessoa tão católica quanto dom Vital, com sua verdade de fé e consciência reta”, afirmou. “Hoje dizemos que somos católicos e vamos à missa, mas em seguida estamos em lugares que não têm valores cristãos”, comentou padre Moisés.  

O frade capuchinho Bosco Alves da Paz, da comunidade da Penha, explicou que os restos mortais de dom Vital foram sepultados na Basílica da Penha em 05 de julho de 1881, três anos após sua morte, ocorrida na França. “Ontem completaram-se 141 anos da Páscoa de dom Vital, mas achamos por bem celebrar hoje, porque na primeira sexta-feira do mês há sempre um grande movimento na Basílica, o que daria oportunidade a mais pessoas de celebrarem a data”, disse frei Bosco.

Na basílica, muitos fiéis participaram da celebração. Dentre eles, a presença piedosa dos integrantes do Instituto Dom Vital chamava atenção. Formado por jovens, o Instituto é, na verdade, um grupo de amigos que decidiu se juntar para estudar a doutrina da Igreja e defende-la, assim como fez Dom Vital. “Nosso grupo quer viver a ortodoxia, promovendo e participando de eventos católicos no Recife, como palestras e estudos”, explicou o estudante de odontologia João Luís Duarte, de 21 anos. O grupo nasceu da catequese para a Crisma, na paróquia Nossa Senhora da Soledade. “Somos cerca de 20 jovens que gostaram tanto da experiência de preparação para o Sacramento da Confirmação do Batismo, coordenada pelo seminarista Davi, que decidiram aprofundar os conhecimentos sobre a doutrina da Igreja”, disse João Luís.

A bênção final foi dada em frente ao túmulo do Servo de Deus Dom Vital, após ser rezada a oração por sua beatificação. Em seguida, houve a bênção de São Félix e aspersão de água benta na saída da igreja.

A condução da causa de dom Vital e de seu processo de beatificação e canonização está sendo feita pelos frades capuchinhos da Província Nossa Senhora da Penha do Nordeste do Brasil, sob a coordenação do frei Jociel. Atualmente, está sendo elaborada a Positio, documento que será analisado pelas comissões vaticanas, a fim de que deem seus pareceres a serem apresentados ao Santo Padre para que o declare “venerável’, passo anterior ao título de “beato”, como espera a Arquidiocese de Olinda e Recife.

“Armados com a mais viva fé, com a mais firme esperança, com a mais ardente caridade, com a mais santa resignação, com a mais imperturbável paciência e com a mais profunda humildade, arvorando bem alto em nossos corações o adorável estandarte da nossa redenção, e fitando os olhos da alma em nosso divino chefe, coroado de espinhos, que por nós expirou na cruz, avante!” (Dom Vital, na Carta Pastoral de 25/03/1874)

Pascom AOR