Centenas de fiéis lotaram nesta sexta-feira, 4, o espaço celebrativo do Convento Nossa Senhora da Penha, bairro de São José, área central do Recife. O motivo era especial: participar da Missa em memória aos 136 anos da morte do Servo de Deus Dom Vital Maria de Oliveira. Frei capuchinho, Dom Vital foi sagrado bispo da Diocese de Olinda aos 28 anos de idade.
O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, destacou o exemplo de fé deixado pelo religioso. “Dom Vital foi uma pessoa de muita coragem. De modo que ele deixa esse legado de coragem e amor à Igreja. Ele foi bispo durante sete anos apenas, mas que viveu com muita intensidade a sua missão episcopal, sobretudo enfrentando dificuldades muito sérias com relação às confrarias. Ele enfrentou o problema de frente junto com o então bispo do Pará e conseguiu dar o melhor de si pela Igreja”, contou Dom Fernando.
Em 1874, foi condenado a quatro anos de prisão, com trabalhos forçados. Sendo essa pena alterada pelo Imperador, dias depois, para prisão simples na Fortaleza de São José, no Rio. O religioso faleceu no dia 4 de julho de 1878, no convento capuchinho de Paris, aos 33 anos, em consequência de um possível envenenamento. O possível martírio de Dom Vital é investigado e por isso poderá ser proclamado santo.
Assista a reportagem exibida na Rede Vida de Televisão
O processo de canonização está na etapa final. O vice postulador do Processo de Canonização de Dom Vital, frei Jociel Gomes, revelou que está finalizando a Positio, documento que reúne todos os dados e testemunhos colhidos durante a fase diocesana. O documento será enviado à Congregação para a Causa dos Santos, que fará a apreciação e dará o parecer. Caso o resultado seja favorável, um decreto da congregação atestando as virtudes heroicas do bispo de Olinda será encaminhado ao papa Francisco para a aprovação.
Frei Jociel fez um relato histórico da Causa de Beatificação e a suspeita do envenenamento. “O processo de Dom Vital foi aberto na década de 1940. Mas por muito tempo a Causa ficou parada. Nos anos 1990, Dom José Cardoso resolveu reabrir o processo. A documentação foi recolhida e tudo foi feito conforme as exigências da Santa Sé. Em 2001 foi entregue no Vaticano. Estamos na última fase escrevendo a Positio e esperamos que ele seja reconhecido como mártir. O envenenamento poderá ser comprovado com a exumação e exames específicos”, explicou.
O vice postulador contou ainda detalhes da vida do Servo de Deus. “As portas do Palácio da Soledade, onde ele residia, sempre estavam abertas para acolher e para que pudesse ouvir o povo. Apesar da sua juventude, professou a fé numa atitude de cuidado e guarda do seu rebanho”, afirmou. Ao chegar à diocese, pediu que o palácio fosse preparado com simplicidade e recusou o trabalho dos escravos , que foram disponibilizados para servi-lo, pois todos são iguais diante de Deus.
Após a celebração, Dom Fernando Saburido foi até o túmulo , no interior da Basílica Nossa Senhora da Penha, onde o bispo está sepultado e rezou no local.
Clique aqui e confira as imagens da celebração na página da Arquidiocese no Facebook
Restauração – A visita ao jazigo de Dom Vital foi também uma oportunidade para apreciar a beleza da Basílica Nossa Senhora da Penha, que passa por restauração desde 2007. Os fiéis puderam por breves minutos ver os detalhes, ornamentos e pinturas no interior da igreja. Encantados e emocionados, muitos registraram através de fotografias a beleza que há por trás das grandes e ornadas portas do templo. Pessoas que passavam pela praça em frente à basílica também aproveitaram a chance de conferir.
Para muitos fiéis, voltar ao local foi um reencontro com o passado, com lembranças da fé e das inesquecíveis celebrações. Claudeci de Andrade, 51 anos, faz parte da Paróquia São Lucas, no bairro de Ouro Preto, em Olinda. Ela não escondia a alegria de poder voltar à basílica. “Aqui neste lugar eu iniciei uma história na minha vida. Entrar e ver a restauração me deixa ainda mais ansiosa pela reabertura. Comecei aqui a minha caminhada de fé. Quantas sextas-feiras estive aqui participando das Missas e pedindo graças? Alcancei muitas”, afirmou.
Claudeci vive uma nova etapa. Ela passará por tratamento quimioterápico contra o câncer. “Hoje pedi mais uma graças. Pedi a Deus a minha cura e saio daqui renovada e certa de que alcançarei mais essa graça”, disse confiante. Ela não registrou o momento através de fotos, mas guardou cada detalhe no coração e com a fé que deixa a certeza que a restauração dela será tão bela quanto à da igreja de pedra. Seguiu de cabeça erguida. Pronta para escrever mais um capítulo.
Da Assessoria de Comunicação AOR