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Religiosas da Instrução Cristã conduzem aos bispos urna com restos mortais da irmã Adélia

Um dia para render graças. É assim que pode ser resumido o domingo, 13 de outubro. Para o Instituto das Religiosas da Instrução Cristã, uma data aguardada com alegre expectativa. Uma Missa foi celebrada pelo 6° ano da morte da irmã Adélia Teixeira Carvalho, na capela do colégio das Damas, bairro das Graças, Recife. Presidiu a celebração o bispo da Diocese de Pesqueira, Dom José Luiz Salles e concelebraram a Santa Missa o bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Limacêdo Antonio da Silva e clero de Pesqueira e de Olinda e Recife. Além de fazer memória ao 6° aniversário de morte da religiosa, a Missa marcou o anúncio dos primeiros trabalhos para iniciar a abertura do processo de beatificação da freira junto ao Vaticano, o traslado dos restos mortais da irmã Adélia para um jazigo na capela do colégio e a inauguração de um memorial em homenagem à irmã Adélia.

À esquerda, Maria da Conceição e à direita, Maria da Luz (irmã Adélia)

Aparições em Cimbres – Nascida Maria da Luz Teixeira de Carvalho, em 1922, na cidade de Pesqueira, agreste pernambucano, a então adolescente teria visto aos 13 anos de idade Nossa Senhora das Graças em 06 de agosto de 1936, no Sítio Guarda, em Cimbres, Distrito de Pesqueira, junto com uma amiga, Maria da Conceição, em um rochedo de difícil acesso na Caatinga. Conforme relatos da época, as aparições teriam ocorrido ao longo da vida das jovens, motivando-as a ingressarem na vida religiosa. Apenas Maria da Luz tornou-se freira, a irmã Adélia.

Sobrinhas e irmã da religiosa recordaram uma das mensagens de Nossa Senhora: “Procurem Meu Filho Amado na Eucaristia”.

Na Missa do último domingo, uma das sobrinhas de irmã Adélia, Giusete Teixeira, leu uma das possíveis mensagens transmitidas por Nossa Senhora à irmã Adélia, registrada em uma peregrinação a Cimbres, em 31/08/1986: “Meus filhos muito amados, meu coração se alegra ao ver tanta fé. Não parem de rezar pela paz. Apaguem de suas vidas o egoísmo e a inveja. Procurem Meu Filho Amado na Eucaristia. Rezem o Terço. Não desanimem, pois sempre estou com cada um de vocês. Orem, jejuem e amem.“ A irmã Adélia ainda possui dois irmãos vivos, Francisco de Assis Teixeira, de 90 anos, residente em Arcoverde e Maria das Graças Teixeira, que participou da Missa.

Local das aparições, no Sítio Guarda, em Pesqueira.
Sítio Guarda, em Cimbres, é visitado por romeiros. No local existe uma fonte de água.
Irmã Adélia professou os votos perpétuos no Instituto
das Religiosas da Instrução Cristã em 1946

É importante esclarecer que, para solicitar a autorização de abertura de um processo de beatificação junto ao Vaticano, é necessário que os bispos do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (abrange os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte) estejam em sua maioria, de acordo com a abertura do processo. “No caso da irmã Adélia, os bispos concordaram em unanimidade”, explicou o frei Jociel Gomes, postulador da causa de irmã Adélia junto à diocese de Pesqueira. Três requisitos são necessários para a homologação da candidatura a santo: a fama de santidade, o exercício das virtudes cristãs e a ausência de obstáculos insuperáveis contra a canonização. Para alguém ser reconhecido santo e ter o seu nome inscrito no Cânon da Igreja Católica, existe um longo processo e é necessária a comprovação de dois milagres, na maioria dos casos.

Dom José Luiz Salles, bispo de Pesqueira

Ao longo de toda a celebração Eucarística, foram evidenciados os três pilares que nortearam a vida da irmã Adélia após as aparições de Nossa Senhora no Sítio Guarda, em Cimbres, distrito de Pesqueira: propagar a palavra de Deus, enxugar as lágrimas dos pobres e rezar pelos sacerdotes. Em sua homilia, o bispo diocesano de Pesqueira, dom José Luiz Salles, refletiu sobre a gratuidade e a gratidão. “Tudo é gratuidade. Assim vivem os nossos santos e santas, assim viveu a irmã Adélia, encantada com a vida, com a beleza e com a verdade”, afirmou dom José Luiz.

Dom Limacêdo Antonio, bispo auxiliar de Olinda e Recife, falou em nome do arcebispo dom Fernando Saburido e fez votos de que a beatificação da irmã Adélia gere frutos para a congregação das Damas, para a diocese de Pesqueira e para o mundo.  

Ir. Eulália Maria,
Superiora Geral das Religiosas da Instrução Cristã

A Superiora Geral das Religiosas da Instrução Cristã, irmã Eulália Maria, falou que a irmã Adélia demonstrou uma nobreza inigualável ao dar seu testemunho de obediência e de silêncio diante do fato das aparições de Nossa Senhora. “Com a abertura deste processo de beatificação, nossa Congregação vive o encontro do Céu com a Terra”, expressou a Superiora Geral das Damas. Para a Provincial das Religiosas da Instrução Cristã, irmã Cleonice, a irmã Adélia tinha uma missão muito clara de propagar o Evangelho às pessoas que se aproximavam dela. Ela destaca que a companheira de congregação realizou por 35 anos atividades na vila de Santa Luzia, no bairro da Torre, Zona Oeste da capital pernambucana. Na região, a religiosa fundou uma creche que hoje é a Escola Nossa Senhora das Graças, que oferece educação gratuita para crianças de 4 a 6 anos. “Quem chegava até a irmã Adélia sempre tinha uma palavra de consolo, uma orientação espiritual. E o que marcou mais a vida dela como missionária foi o serviço aos pobres.

Postulador da causa apresentou a comissão histórica que já atua nos trabalhos

O frei Jociel Gomes anunciou na Missa, que em 05/09/19 entregou na Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, uma carta da diocese de Pesqueira, pedindo a autorização para a abertura do processo de beatificação da Irmã Adélia Teixeira Carvalho. O religioso apresentou aos fiéis a comissão histórica que está responsável em recolher e reunir os documentos civis, religiosos, históricos e notícias na Imprensa sobre a irmã Adélia: Irmã Rosimar, prof. Carlos André Silva, prof. Dirceu e prof. Pedro. Os fiéis presentes à Missa também puderam conhecer e rezar a oração oficial pela beatificação da Irmã Adélia. Segundo o frei Jociel, que acompanha como postulador a causa de beatificação e de canonização de três Servos de Deus (Dom Vital, dom Helder Camara e Frei Damião de Bozzano), Recife é uma cidade privilegiada no Nordeste. “Em seu território, o Recife passa a contar com uma quarta candidata a santa e o povo de Deus tem acesso facilmente a visitar os jazigos e locais onde estão os restos mortais de religiosos que fizeram de suas vidas um modelo de santidade”, salienta o frade capuchinho.


Dom José Luiz Sales abençoou jazigo que acolheu os restos mortais de irmã Adélia


Trasladação – Após a bênção final, o clero e a assembleia dirigiram-se à área externa da capela, para a colocação da urna funerária com os restos mortais da irmã Adélia em um jazigo. No colégio das Damas foi criado um memorial em homenagem à Irmã Adélia, onde agora se encontram expostos objetos pessoais da religiosa nascida em Pesqueira, tais como óculos, vestes, documentos, Bíblias, objetos de devoção, manuscritos, diários e fotografias, dentre outros.

Memorial reúne objetos de uso pessoal da irmã Adélia

(Pascom AOR)