Mês da Bíblia: o Livro da Sabedoria na Liturgia


Por Padre Moisés Ferreira de Lima
Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Liturgia

 

Setembro é o mês da Bíblia. Dedicar um mês à Bíblia não é porque no decorrer do ano não damos importância à Palavra de Deus. Na Liturgia da Igreja, diariamente, a Palavra de Deus está presente: na Liturgia da Palavra na celebração da Eucaristia, na Liturgia das Horas, nas celebrações dos demais sacramentos e sacramentais, nos cantos verdadeiramente litúrgicos etc. Tampouco comemorar o mês da Bíblia é simplesmente para por em destaque a Bíblia aberta em nossas igrejas.  O Lecionário e, principalmente, o Evangeliário são a “bíblia litúrgica”, que devem ser destacados e venerados na Celebração Eucarística.

A prática pastoral de dedicar o mês de setembro à Biblia nasceu em 1971, por ocasião dos 50 anos da Arquidiocese de Belo Horizonte. Esta iniciativa pastoral, através do Serviço de Animação Bíblica/Paulinas (SAB), foi posteriormente assumida pela Conferência dos Bispos do Brasil para todo o Brasil. A cada ano é escolhido um livro ou uma parte de um livro, com o objetivo de estudo pessoal e comunitário, reflexão e oração com a Palavra de Deus. Neste ano temos o livro da Sabedoria e o  tema é “Sabedoria é um espírito amigo do ser humano” (Sb 1, 6a). Escrito nos finais do Século I a. C, o livro apresenta o diálogo entre a fé de Israel e a cultura grega e tem como ideia central a Sabedoria, seja relacionada com Deus seja relacionada com o homem e antecipa muitos temas desenvolvidos no Novo Testamento.

O livro da Sabedoria é citado com muita frequência na pregação dos Padres da Igreja e está presente em vários formulários da Liturgia, alimentando a oração oficial da nossa Igreja. A título de exemplo, apresentamos os seguintes:

1. Textos para canto de entrada e de comunhão ou responsório:

– Antífona de entrada do 6º dia da oitava do Natal: “Enquanto um profundo silêncio envolvia o universo e a noite ia no meio do seu curso, desceu do céu, ó Deus, do seu trono real, a vossa palavra onipotente” (Sb 18,14s);

– Antífona de entrada da Missa em honra de Nossa Senhora, mãe do Bom Conselho: “Orei  e foi-me dado o espírito de sabedoria. Aprendi-a com lealdade, comunico-a sem reserva e não escondo as  suas riquezas” (Sb 7, 7b.13);

– Antífona de entrada da Missa em honra de Nossa Senhora, amparo da fé: “Tu és, Virgem Maria, como a coluna luminosa, que de dia e de noite precedia o povo no deserto, para mostrar-lhe o caminho” (Sb 18,3c; Ex 13,21-22);

– Antífona de Comunhão da Missa em honra de Nossa Senhora, imagem e mãe da Igreja III: “A Virgem Maria é o esplendor da luz eterna, espelho puro de sua atividade e imagem de sua bondade (Sb 7,26);

– Responsório do tradicional rito da Bênção do Santíssimo Sacramento: “V. Do céu lhes destes o pão. R. Que contém todo o sabor” (Sb 16, 20).

2. Liturgia da Palavra

– 32º Domingo do Tempo Comum – Ano A, exortando à espera de Deus: Sab 6,12-16;

– Toda a 32ª Semana do Tempo Comum, ano ímpar: Sb 1,1-7; Sb 2,23-3,9; Sb 6,1-11; Sb 7,22-8,1; Sb 13,1-9; Sb 18,14-16; 19,6-9;

– 4ª Semana da Quaresma, Comum dos Mártires ou Missa Votiva do Mistério da Cruz, apresentando o justo perseguido, refere-se a Cristo ou às testemunhas da fé: Sb 2,1a.12-22;

– Comum dos Doutores da Igreja: Sb 7,7-10.15-16;

– Comemoração dos Fiéis Defuntos e Celebração de Exéquias: Sb 3,1-6.9.

Poder estudar o livro da Sabedoria neste mês de setembro – quer nos círculos de estudo bíblico quer na leitura e na meditação pessoal – será uma oportunidade para explorarmos o tesouro da Sagrada Escritura e, na Liturgia, cada vez que trechos deste livro forem proclamados, termos a certeza de que é  a Palavra de Deus que sustenta  a nossa fé (cf. Sb 16, 26) e que na Eucaristia o Senhor nos dá o Pão que contem todo o sabor (cf. Sb 16,20).

Recife, 1º de setembro de 2018