Queridos irmãos e irmãs

Mais uma vez, nesta feliz celebração da Páscoa, o Evangelho da ressurreição nos confirma que, diante de Deus, a vida humana tem valor absoluto. Em uma terra que se estende como imenso calvário de milhões de crucificados, é preciso que o anúncio da ressurreição de Jesus, nosso Salvador, traga ao mundo a alegria da amorosidade e da paz. Se, cada dia, o mundo se torna mais cruel e a sociedade mais desumana e desigual, é sinal de que nós, cristãos, ainda não conseguimos testemunhar a ressurreição de Jesus como fonte de vida nova para toda a humanidade e para o universo.

Novamente nesta celebração pascal, cada um de nós é chamado a viver uma passagem (páscoa) que vai além de toda racionalidade humana. Precisamos ir além das angústias para a esperança, de tudo o que nos aprisiona a nós mesmos para a comunhão. Para sermos testemunhas da ressurreição de Jesus, assim como os primeiros discípulos, precisamos também acolher e dar importância às mulheres que, como Maria Madalena e outras discípulas, nos chamam, hoje, para o testemunho pascal. Temos de superar nossas diferenças de sensibilidades e ir além do que nos divide para nos reunirmos de novo como comunidade de fé e reconhecer o Cristo ressuscitado presente entre nós. É preciso que, em torno de nós, as pessoas possam perceber que, no nosso modo de ser e de viver, assim como no modo de celebrar e expressar a fé, testemunhemos a alegria da ressurreição.

Nesta Páscoa de 2023, demos graças a Deus pelos 10 anos de missão do nosso querido papa Francisco que tanto bem tem feito à Igreja, em todo o universo, com um especial olhar para os pobres e excluídos da sociedade. Nesta mesma linha, tivemos a graça de ter em nossa Arquidiocese o pastor “Servo de Deus”, Dom Helder Camara, que marcou profundamente a história dessa nossa Igreja de Olinda e Recife. Em várias de suas circulares, manifestava a alegria de celebrar a Páscoa como sinal de que – como ele dizia – há mil razões para viver e somos testemunhas dessa boa-nova. Pelo povo de Deus, mas principalmente por muitas pessoas que nem eram ligadas à Igreja, Dom Helder sempre era visto como o Dom da Paz, o Dom do Amor. Ele passava a todos essa impressão e propunha um jeito de ser Igreja pascal, testemunha de um Deus que é Amor.

Que essa alegria pascal traga a todos nós força nova para a missão e, principalmente, ir além das certezas que nos fecham em nós mesmos. Que possamos, como Igreja, retomar o diálogo com os irmãos e irmãs de fora e caminharmos juntos na construção de um Brasil reconciliado na solidariedade aos mais necessitados.

Para cada um/uma de vocês, feliz Páscoa.

Dom Fernando Saburido
Arcebispo de Olinda e Recife