“A comunidade dos discípulos missionários são o sujeito geral e transversal da missão. A comunidade missionária, discípula de Jesus Messias e missionário é enviada pela comunidade eclesial para ‘dar testemunho do amor’, anunciar a chegada do Reino e assumir ‘tarefas prioritárias para o bem comum e a dignidade do ser humano’”.

Foi com esta afirmação com base no Documento de Aparecida (DAp) que o assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), padre Paulo Suess, abriu as atividades da manhã deste sábado, 12, do Encontro anual do Conselho Missionário Nacional, o chamado Cominão que este ano substitui a Assembleia Ordinária do Comina.

O encontro segue até este domingo, 13, na sede nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) e reúne os coordenadores dos Conselhos Missionários Regionais (Comires), bispos e presidentes dos Comires, representantes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), da Comissão Episcopal para a Amazônia e Conselho Nacional dos Leigos, representantes da imprensa missionária, além dos padres das POM, o presidente do Comina e da Comissão para a Ação Missionária da CNBB, dom Sérgio Arthur Braschi.

A partir do tema “Discipulado missionário do Brasil para o mundo à luz do Vaticano II e do magistério latino-americano”, Suess destacou em sua exposição o “Discipulado e missionariedade”. De acordo com ele “os discípulos são aprendizes do mestre, estão numa relação de proximidade e empatia com ele, seguem seu caminho e seus ensinamentos”.

O teólogo também apontou algumas características do discípulo-missionário. Colocar Deus acima de sua própria vida, obedecer ao chamado de Cristo e se doar ao próximo são algumas ações que identificam o missionário, segundo ele. “O que caracteriza o discípulo é a permanente busca de conformidade com o mestre. O discípulo obedece ao chamado de Jesus imediatamente e, o discípulo se torna testemunha de vida e doador da vida”, sublinhou.

Também destacou a raiz da missionariedade que é “trinitária, configura ensinamento histórico, despojamento radical e prontidão permanente dos discípulos para anunciar o Reino de Deus” e o sujeito geral e transversal da missão que é a “comunidade dos discípulos missionários”, disse Suess.

Memória dos Congressos Missionários Nacionais

A segunda parte da manhã foi desenvolvida pelo secretário executivo do Comina e assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, padre José Altevir da Silva. Sobre o 1º Congresso Missionário Nacional que aconteceu entre os dias 17 a 20 de julho de 2003 em Belo Horizonte (MG), Altevir relembrou que foi um momento para “redescobrir a missão através de quatro elementos: O Caminho, O Encontro, A Partilha e o Compromisso. O secretário também comentou que os Congressos Missionários Nacionais são realizados à luz do Congresso Americano Missionário (Cam) e do Congresso Missionário Latino Americano (Comla).“Foi um evento marcante e os pontos principais foram os fundamentos: teológicos, preocupados com o testemunho da Igreja hoje. Destacou os mutirões do Congresso que possibilitou a discussão de palavras como identidade, vocação, formação, conversão”, afirmou padre Altevir.Já no 2º Congresso cujo tema foi “Do Brasil de batizados ao Brasil de discípulos-missionários sem fronteiras”, que aconteceu em Aparecida (SP) de 1º a 4 de maio de 2008, seu fundamento principal foi “observar os princípios missionários presente no Documento de Aparecida e passar de um país apenas de batizados para uma Igreja discípula e missionária de Jesus Cristo”, pontuou José Altevir. O 3º por sua vez, que será realizado de 12 a 15 de julho de 2012, também tem como fundamento o Cam4/Comla9 que será realizado em 2013 na Venezuela. Desta vez o Congresso brasileiro reflete o tema “Discipulado Missionário do Brasil para o mundo à luz do Vaticano II”.

“Nesta edição vamos destacar as grandes colaborações e linhas missionárias que o Vaticano II nos mostrou e que ainda não aterrissaram em nossa Igreja de maneira geral, especialmente na missão além-fronteiras que é a identidade da Igreja”, completou Altevir.

“Efervescência Missionária”

Para o diretor nacional das POM, padre Camilo Pauletti, o Cominão reflete o ardor missionário que vive a Igreja no Brasil hoje. “Temos no Brasil um efervescer da dimensão missionária, colocando-a em estado permanente de missão, por isso a organização dos Conselhos Missionários Regionais, diocesanos e paroquiais assim como em nível nacional nos ajudam a entrar nesse foco da dimensão missionária por isso é importante a gente se organizar, se fortalecer, buscar luzes que o Vaticano II que completa 50 anos. Ele é uma fonte que precisa ser retomada porque ali há um espírito missionário muito forte que nos ajuda a retomar a caminhada missionária”, disse o diretor.

Fonte: CNBB