Com o tema “Fraternidade e amizade social”, e lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8), a Campanha da Fraternidade de 2024 se inspira na Encíclica do Papa Francisco Fratelli Tutti.

A proposta deste ano é aprofundar a compreensão da comunhão e da fraternidade como caminho de realização pessoal; conscientizar sobre a necessidade de construir a unidade em meio à pluralidade, superando divisões e polarizações;estimular a espiritualidade, os processos , os hábitos e as estruturas de comunhão da igreja; incentivar e promover iniciativas de reconciliação entre pessoas, famílias e comunidades e  acolher o magistério da igreja sobre a fraternidade universal, como ajuda ao discernimento nas inúmeras situações de conflito e divisão.

Portanto, o objetivo geral da CF-2024 é contribuir para refletir sobre a beleza da Fraternidade humana, fortalecendo a Amizade Social, este tema desafia a sociedade contemporânea a superar a cultura da indiferença e a “alterofobia”, isto é, aversão ao outro.

A superação das inimizades e o cuidado uns dos outros é o ponto forte que a Campanha da Fraternidade de 2024 nos traz. Em nossos dias, há muitos sinais de divisão. O assédio moral e sexual, a intolerância às diferenças religiosas, políticas e culturais, com várias formas de bullying e discurso de ódio, têm sido frequentemente percebidos nas muitas formas e expressões. Não são poucas as pessoas que têm experimentado divisões dentro da própria família, separações que procedem de posturas irracionais e desrespeitosas.

A crise do pertencimento

“Esquece-se de que «não há alienação pior do que experimentar que não se tem raízes, não se pertence a ninguém. Uma terra será fecunda, um povo dará frutos e será capaz de gerar o amanhã apenas na medida em que dá vida a relações de pertença entre os seus membros, na medida em que cria laços de integração entre as gerações e as diferentes comunidades que o compõem, e ainda na medida em que quebra as espirais que obscurecem os sentidos, afastando nos sempre uns dos outros».” Papa Francisco- Encíclica Fratelli Tutti

“Estamos vivendo a “síndrome de Caim”, porque as diferenças estão nos conduzindo à inimizade, ameaça, afastamento,combate, destruição e morte”, diz o texto base da CF-24 da CNBB NE 2.

Papa Francisco apresenta três propostas para este cenário global  e desafiador:

1- Pacto Educativo Global;

2- Economia de Francisco e Clara;

3- O processo de Escuta Sinodal para toda a igreja.

A vida dos santos e santas também nos oferece exemplos edificantes de fraternidade e amizade social. Podemos recordar de São Francisco de Assis, não apenas de sua terna amizade com Santa Clara, rosto e coração feminino do franciscanismo. É preciso lembrar do frei Leão, fiel companheiro de missão e reclusão de São Francisco no Monte Alverne. Mas ainda merecem circundar , em suas sepulturas, a sepultura do irmão Francisco. Não é exagero dizer que não há santidade no ódio, na indiferença, na exclusão. A santidade só se manifesta na fraternidade, na amizade sem fronteiras, para além dos nossos gostos, afetos e aparências, abrindo-nos ao outro, por mais repugnante que ele nos pareça, como era o leproso para o jovem Francisco de Assis, no processo de sua conversão.

As sugestões de ações para os três âmbitos da ação evangelizadora em nosso Regional Nordeste II da CNBB: pessoa, comunidade e sociedade, no desejo de que, na escuta do Espírito, desafiados pela realidade e iluminados pela Palavra de Deus e da igreja , não fiquemos parados, mas empreendemos esforços concretos em vista da superação do hiperindividualismo , da alterofobia (horror ao outro) e da aporofobia ( horror ao pobre), por meio do remédio da amizade social. Diante delas, cada pessoa, grupo, comunidade e instituição é convocada a discernir a respeito do que fazer.

Entre as diversas sugestões de ação para alargar o espaço da tenda pessoal e comunitário-eclesial está o recolhimento dos frutos das suas renúncias quaresmais, na Coleta Nacional da Solidariedade, no Domingo de Ramos. Dos recursos arrecadados , 60% permanecem na Diocese e compõem o Fundo Diocesano de Solidariedade e os outros 40% são enviados à CNBB, para compor o Fundo Nacional de Solidariedade que subsidia, todos os anos, centenas de projetos sociais em todo o Brasil, ligados ao tema da Campanha da Fraternidade.