Na manhã desta sexta-feira (14), as vítimas do desabamento no Conjunto Beira-Mar, em Paulista, foram lembradas num momento de oração em frente ao cenário da tragédia e numa missa de 7º dia presidida pelo administrador apostólico de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.

Moradores, amigos e familiares dos 14 mortos foram até o local do desabamento e, conduzidos pelo pároco de Nossa Senhora Aparecida, padre Deyvson Soares, participaram de um momento de oração que, ao mesmo tempo, cobrava das autoridades políticas públicas que garantissem moradia digna para os pobres. “Nossa oração deve ser transformada em ação”, disse o padre, emocionado. “Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance, levando o alento da oração, mas não uma oração estéril, uma oração que nos leva a um movimento profético de clamar por justiça”, disse o padre Deyvson. “Somos cristãos, mas também somos e podemos pedir e ir atrás de projetos de lei para trazer moradia, porque por mais doação que a gente consiga nesse momento, nada vai sanar a questão senão moradia”, concluiu.

O prédio que desabou estava condenado pela prefeitura, com problemas estruturais. Passou um período desocupado, mas algum tempo depois, voltou a ser ocupado por pessoas que não tinham onde morar. Padre Deyvson afirma, categoricamente, que “quem ocupou o prédio, para morar nessas condições, é porque não tinha outra opção, não tinha onde se abrigar”. O padre conhecia as vítimas: eram atendidas pelas pastorais da paróquia com cestas básicas, com orientações, com evangelização. “Nossa comunidade está enlutada”. A Igreja esteve presente desde os primeiros instantes da tragédia. Botou a mão na massa, ajudando no socorro às vítimas.

Uma cruz de madeira foi fincada em frente aos escombros e um pequeno banner mostrava os rostos das 14 pessoas que morreram. Em voz alta, o padre disse o nome de cada vítima, enquanto a comunidade depositava flores ao pé da cruz, transformando o lugar num singelo memorial.

Dom Fernando Saburido foi ao Janga, rezou diante da cruz memorial e seguiu para a capela São Francisco, a cem metros do prédio que desabou. O bispo presidiu missa de 7? dia, acompanhado, no presbitério, pelo bispo auxiliar, dom Limacêdo Antonio, e pelo bispo emérito de Palmares, dom Genival Saraiva.

Dom Fernando acredita que o Brasil tem condições para resolver a questão das moradias. “É uma decisão política, apenas”. E fez um apelo ao Governo: “Diante de uma experiência como essa, que se tenha sensibilidade para ajudar essas famílias e, sobretudo, implantar políticas públicas favoráveis para resolver de uma vez essa questão”.

A capela, que estava lotada de fiéis, funcionou, durante a busca por sobreviventes, como ponto de apoio para o Corpo de Bombeiros. Dentre os presentes à missa na manhã de hoje, com o filhinho no colo, estava Carla Eduarda, que perdeu a mãe Maria da Conceição. Também os três irmãos pequenos de Carla morreram no dia no desabamento: Deivison, Deivid e Eloá. Como ela, os que sobreviveram, além de consolo espiritual, precisam de apoio material para refazerem suas vidas. Doações podem ser feitas à Paróquia Nossa Senhora Aparecida via pix pela chave CNPJ 02.081.740/0001-25

Pascom AOR