“A esperança dos pobres jamais se frustrará”.

É essa palavra do salmo 9 que o papa Francisco tomou como tema de sua mensagem para o 3º Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado pela Igreja, neste domingo 17 de novembro. Em 2016, o papa propôs que, cada ano, o penúltimo domingo do tempo comum seja o Dia Mundial dos Pobres. É mais do que apenas um “dia de combate à pobreza”. Trata-se de valorizar os/as pobres como pessoas e revelar neles e nelas a presença divina. A Igreja deve se mostrar solidária a todas as vítimas da pobreza injusta e apoiar o protagonismo das organizações nas quais os pobres lutam pacificamente por seus direitos e pelo reconhecimento de sua dignidade humana.

Para esse ano, o papa Francisco escolheu como tema a palavra do salmo: “A esperança do pobre jamais será frustrada”. O papa situa o texto na história. Mostra que a descrição feita pelo salmo sobre a realidade do pobre continua em parte atual. Quanto mais a sociedade vive em crise social e econômica, mais os ricos aumentam seus lucros. Geram-se novas escravidões, como a situação dos migrantes clandestinos e refugiados em diversos países, o tráfico humano e o desemprego estrutural, criado pela revolução da informática. O papa lembra aos pobres que, conforme o salmo, “Deus escuta, intervém, protege, defende, resgata e salva”. E recorda o que já havia escrito na exortação apostólica Evangelii Gaudium: “o cuidado e a solidariedade da Igreja com os/as pobres não é um compromisso externo ao anúncio do evangelho, mas, ao contrário é o coração da fé cristã e revela o realismo do projeto divino para o mundo” (EG 183).

Nesses dias, os jornais revelaram que, ultimamente, a desigualdade social no Brasil aumentou como nunca antes. Para quem passa pelas ruas de nossas cidades, nem precisa de pesquisa para constatar a tragédia da realidade social. A FAO atesta: “Os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e para a Agricultura (FAO) confirmam: no mundo, cerca de 820 milhões de pessoas passam fome. A tragédia da fome está aumentando em toda a África (a subalimentação chega a 20%). Também cresce na América Latina e Caribe, que entre 2001 a 2010 tinha conseguido diminuir muito. Na Ásia, mais de 12% da população se encontra subalimentada” (Le Monde Diplomatique Brasil, outubro 2019, p. 17).

A sociedade dominante organiza o mundo de um modo que exclui os pobres. O papa propõe acolhê-los como irmãos e companheiros. na comunidade da Vida. Lembra o que disse Jesus no evangelho: “O que fizerdes a um desses pequeninos é a mim que fazeis” (Mt 25, 31 ss).

Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife.