Preservar a memória e a história da Igreja e da Arquidiocese de Olinda e Recife. Este vem sendo o desafio do Centro de Documentação dom Lamartine, da Arquidiocese de Olinda e Recife. Para somar esforços, no dia 10/05, teve início o projeto Preservação da Memória do Arquivo dom José Lamartine, através de convênio com a empresa Arte sobre Arte, pelo Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura), com o apoio da Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco), Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco. O padre Rinaldo Pereira, moderador da Cúria e presidente da Comissão de Cultura da Arquidiocese, compareceu ao arquivo, localizado no Centro de Pastoral Arquidiocesano, na Várzea, para dar uma benção na equipe que vai trabalhar no projeto.  

A equipe de trabalho será formada por restauradores, historiadores, paleógrafos (especialistas em paleografia – forma antiga de escrita), sob a coordenação da restauradora Débora Mendes e o projeto terá a duração de seis meses. O projeto tem como objetivo a organização, conservação e o acondicionamento da documentação coletada nas igrejas e irmandades de Olinda e Recife.

A coordenadora do Arquivo dom Lamartine, Acácia Coutinho, informa que a documentação a ser conservada foi recolhida nas irmandades de Recife e Olinda e também nos seguintes locais:

– Olinda: Convento do Carmo, igrejas de Guadalupe, de São João, do Bonfim, do Rosário dos Homens Pretos, da Boa Hora, do Amparo e de São Sebastião.

– Recife: igreja de São Pedro dos Clérigos, do Santíssimo Sacramento (bairro Santo Antônio), de Conceição dos Militares, da irmandade de São José da Agonia, de Nossa Senhora do Terço, da matriz do Corpo Santo, de São José do Ribamar, de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, da Madre de Deus e da igreja do Rosário da Boa Vista.

 A coordenadora do Arquivo dom Lamartine adianta que a documentação a ser contemplada pelo projeto compreende o período do final do séc. 18 e 19, recolhida em 17 igrejas e irmandades de Recife e Olinda. Conforme relata a restauradora Débora, o trabalho de coleta documental vem sendo desenvolvido há dois anos, coordenado pelo padre Rinaldo Pereira, presidente da Comissão de Cultura da Arquidiocese. “Sãos documentos inéditos, que nunca foram lidos, pois trazem o registro financeiro das igrejas, livros de receitas, de despesas, atas, termos da mesa regedora, contendo decisões e que mostram como a igreja se organizava na época do sistema de padroado”, explica Débora. Naquele período do Brasil-Colônia, a Igreja Católica no Brasil possuía função semelhante a um cartório de registro civil e atuava em conjunto com a Coroa Portuguesa, expedindo documentos e registros da população em geral, como a emissão de certidões de nascimento, passaportes, além de fazer os registros eclesiásticos de praxe, como certidões de batismo, de matrimônio, dentre outros. Para ilustrar a riqueza histórica dos documentos que serão alvo da preservação do projeto, Débora cita o caso de um livro de registro inédito, nunca antes analisado, encontrado na igreja da Madre de Deus, no Recife Antigo. O livro chama-se “Assentos de Óbitos dos filhos das mulheres escravas de acordo com a lei do ventre livre (1871-1873)”. A partir da análise do conteúdo deste livro, vai ser possível traçar perfis antropológicos, etnológicos e sociais da época da criação da lei do ventre Livre e saber inclusive quais as doenças da época.

A coordenadora do Arquivo, Acácia Coutinho, destaca que esta documentação vai ser inventariada, higienizada e organizada. O último desafio, que vai requerer a elaboração de outro projeto, será a digitalização da documentação.  Técnicos especializados em história, restauro e conservação vão atuar no projeto que pretende organizar, preservar e divulgar o acervo documental do arquivo. A equipe é formada por Diego Rodrigues, Givaldo Bernardino, Célia Salsa e Wellington Oliveira, sob a supervisão de Débora Mendes, padre Rinaldo Pereira e Acácia Coutinho.

(Pascom Arquidiocese)