O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, e o vigário geral da Arquidiocese, padre Luciano Brito, estiveram na tarde desta quarta-feira (04/04) na igreja matriz de São José, no bairro de mesmo nome, no centro do Recife, para ver de perto os danos causados pelo passar dos anos à construção histórica de estilo neoclássico. O padre José Augusto Esteves está há quarenta e oito anos à frente da paróquia de São José e acompanhou a visita, que teve ainda a participação da gestora de projetos da Arquidiocese, Telma Liége, e de representantes da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe): a presidente Márcia Souto, a diretora de patrimônio Célia Campos e o chefe das células de tombamento do órgão, o técnico em preservação, restauração e arqueologia Roberto Carneiro.

Durante a visita, o arcebispo discutiu com os representantes da Fundarpe as reais condições do templo, que está fechado desde o ano de 2013, quando parte do teto desabou devido a uma infestação de cupins. O técnico Roberto apresentou as avarias causadas no teto, por cupim e infiltração, que deixavam à mostra a técnica de tabique ou fasquio de madeira, comum na época da construção da igreja, em 1864. A necessidade de reparos é clara – e está em ambientes diferentes. A última grande intervenção na igreja foi a manutenção da coberta, em 1993, quando foram trocadas 15 mil telhas.

Entre perguntas e respostas, segundo o arcebispo, a visita foi bastante proveitosa. “Importante discutir com um staff qualificado sobre as melhores soluções para a restauração e preservação da igreja, que tem um valor real que excede o material: é a história da fé de uma cidade e de um povo”, comentou dom Fernando.

Nos próximos dias, a Fundarpe vai enviar um ofício à Arquidiocese recomendando ações emergenciais, como o recolhimento dos bens móveis (imagens e mobiliário) para proteção. “Diante das condições do teto, é prudente preservar o acervo de qualquer dano”, disse Márcia Souto. “As peças devem ficar em local seguro, longe de possíveis desabamentos e de umidade”, completou.

A lista de providências não é pequena: relatório de danos, orçamentos, coberta provisória (enquanto se prepara um projeto de restauração da igreja), deslocamento dos bens móveis, remoção de entulhos, poda e remoção de vegetações, proteção dos bancos, licitação para projetos. “Precisamos começar”, disse Telma Liége. “Parcerias são bem-vindas para conseguirmos recursos suficientes para salvar esse patrimônio”, completou. 

Desde o fechamento da igreja, há cinco anos, o padre José Augusto vem celebrando missas, solenidades e festas na Igreja do Santíssimo Sacramento, na Boa Vista. Diante do encontro entre Arquidiocese e Fundarpe, o pároco se mostrou satisfeito com a postura do bispo, preocupada e responsável. E não se esqueceu do padroeiro: “Confio em São José, que é um grande carpinteiro. Espero que, quem vier, venha com espírito de reconstruir, porque a igreja é mais do povo do que minha”, comentou.

A igreja matriz de São José foi tombada pelo governo estadual (Fundarpe) em 27/07/2017. Está localizada nas imediações do Forte das Cinco Pontas e é um dos cartões postais da cidade por ser a única igreja em estilo neoclássico do centro do Recife.

Pascom AOR