A celebração em ação de graças pelos 90 anos do Apostolado do Mar foi realizada na manhã do sábado, 22 de outubro, na Paróquia Santa Cecília e São Pio X, no bairro de Botafogo, sob a presidência do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta.

A celebração contou com a presença expressiva de paroquianos, também voluntários da Pastoral dos Migrantes e do Apostolado do Mar. Administrada pelos padres missionários de São Carlos Borromeu, a comunidade paroquial é uma referência na cidade e na arquidiocese, que vive o carisma do fundador da congregação, o beato italiano João Baptista Scalabrini.

Acolhido pelo pároco, e pelo vigário paroquial, padre Cesare Ciceri, Dom Orani recordou que a celebração era uma ocasião especial para que as comunidades cristãs e a própria sociedade tomassem conhecimento de quanto é indispensável o serviço que realizam os membros do Apostolado do Mar, uma pastoral pouco conhecida, mas que nasceu na Escócia e, desde 1920 vem atuando na evangelização dos marinheiros em numerosos portos de todo o mundo.

“Neste tempo de incertezas, de relativismo de valores, de acentuada corrupção e barbaridades contra a vida humana, nos alegramos em ver a constante preocupação e presença da Igreja em todas as situações e circunstâncias, para que não falte o anúncio da palavra e da misericórdia de Deus. Neste contexto, agradecemos a Deus por todos os presbíteros, agentes e voluntários que promovem o cuidado pastoral da gente do mar e visa sustentar o empenho dos fiéis, chamados a dar testemunho no ambiente marítimo com a sua vida cristã”, afirmou.

Na celebração, transmitida ao vivo para todo o Brasil pela Rede Vida de Televisão e Web TV Redentor, Dom Orani recordou ainda a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Missões, o anúncio do Ano da Fé em comemoração aos 50 anos do Concílio Vaticano II e, em especial, a primeira celebração litúrgica na Itália e na Polônia em memória do beato João Paulo II, fixada pela Igreja no dia 22 de outubro, data que coincide com o início de seu pontificado.

Nesta celebração em que honramos Maria, denominada por São Bernardo como a Estrela do Mar, aquela que nos conduz pelos mares da vida rumo ao porto seguro, razão e fruto da anunciação: o Filho de Deus, lembremos do beato João Paulo II, de sua vida, de sua missão e de seus exemplos. Lembremos ainda de seu amor e consagração a Mãe de Deus e de seu convite, de não ter medo de abrir as portas dos corações ao Redentor, afirmou.

No ofertório, houve a entrada de objetos relacionados com o trabalho do Apostolado do Mar: barco, capacete, álbum com fotos de familiares, passaporte, telefone e sapatos. No final, Dom Orani foi homenageado com símbolos marítimos.

De acordo com o diretor arquidiocesano do Apostolado do Mar, o padre italiano Cesare Ciceri, existe 1 milhão e meio de pessoas que trabalham no mar para prover às necessidades da população mundial. Em sua condição de migrantes e estrangeiros, os marinheiros estão sempre longe de suas famílias, amigos e comunidades.

“O mundo do mar é sempre um desafio. Mas é uma alegria ter a oportunidade de anunciar a misericórdia de Deus para pessoas de todas as culturas, nações e religiões. Faz parte da minha vocação e do carisma de minha congregação”, afirmou.

Na direção da pastoral há quatro anos, padre Cesare informou que o Apostolado do Mar possui uma casa de atendimento, a Stella Maris, no cais 18 do Porto do Rio de Janeiro, situado no bairro do Santo Cristo. Funcionando como local de passagem, ela oferece acolhimento, encaminhamentos, acesso a internet, telefone e a leitura de livros e todo tipo de assistência religiosa, como bênçãos, confissão e celebrações.

“A casa é a imagem da Igreja, que acolhe a todos. O atendimento tem seu reconhecido. Quantos não dizem: ‘Estou me sentido em casa!’ Acolhemos pessoas de todas as raças, que nem sempre entendemos o que dizem, mas o idioma que prevalece é a comunicação do amor, do respeito, da graça de Deus que todos precisam e buscam”, afirmou Padre Cesare.

O trabalho permanente da Stella Maris é realizado por dois funcionários ex-refugiados, o angolano Rogeiro Celestino Cabongo e a colombiana Elsa Mireya Gómez Cubellos. Além do trabalho feito nos navios, a casa atende mensalmente, em média, mais de 250 pessoas, entre filipinos, chineses, russos, indianos, ucranianos, gregos e latino-americanos.

“Nosso trabalho é desenvolvido na casa e ainda com visitas aos navios. O importante é a presença, o contato direto com os marinheiros. Dentro dos navios não existe religião, mas todos acreditam em Deus e necessitam de apoio, do anúncio da Boa Nova. Com o intuito de não desrespeitar ninguém, a maioria das celebrações nos navios são ecumênicas”, afirmou Elsa Cubellos.

Fonte: CNBB