
Amigos e admiradores eram muitos. Mas a despedida do Padre Roberto Singelyn foi para poucos. Nesta terça-feira (16/03), por conta do protocolo sanitário, apenas o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, e os mais próximos do padre foram ao sepultamento no Cemitério de Santo Amaro, na capital pernambucana. Padre Roberto Singelyn morreu depois de 18 dias de luta contra a Covid-19. Estava internado no Hospital Maria Lucinda, no bairro da Tamarineira.

À noite, dom Fernando fez questão de encontrar a comunidade paroquial que chorou a morte do padre, vigário na paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no bairro de Nova Descoberta. O arcebispo presidiu a celebração eucarística, que foi concelebrada pelo pároco, padre Jurandir Dias, e pelo amigo de muitos anos, padre Davi Gonçalves, pároco de Matriz da Luz, em São Lourenço da Mata.

“Padre Roberto era um justo, muito humilde, que viveu com intensidade os muitos anos que Deus lhe concedeu”, disse dom Fernando. “Ele procurou viver pobremente, era de uma simplicidade admirável, e fazia isso não por obrigação, mas por convicção de que a vida e o amor valiam mais que tudo”, completou o arcebispo.

O despojamento comentado por dom Fernando podia ser comprovado pelos objetos que pertenciam ao padre Roberto e foram dispostos ao lado do altar: chapéu, estola, camisa surrada, bolsa de feira e sandálias gastas, remendadas com esparadrapo. De sorriso largo e atitudes solidárias, o padre conquistou a comunidade de Nova Descoberta e recebeu, durante os anos, muitas homenagens. Numa delas, eternizada numa placa de metal fixada na parede, foi chamado de “americano brasileiro, discípulo verdadeiro”.


Padre Roberto Singelyn era norte-americano e trabalhava na Arquidiocese de Olinda e Recife há mais de 50 anos. Marcelo e Wânia cuidavam do padre como de um pai e eram, por assim dizer, sua família brasileira. Nas palavras de agradecimento ao final da missa, Wânia lembrou que ele amava a comunidade e dizia isso sempre, mesmo no hospital. As Irmãs da Caridade, que assistiram o padre no Hospital Maria Lucinda, também participaram da missa, que foi transmitida pelas redes sociais da paróquia.

“Em outros tempos, essa igreja estaria lotada, haveria gente do lado de fora para se despedir e rezar pelo padre Roberto, mas a pandemia nos obrigou a restringir o número de pessoas na matriz”, desculpou-se o padre Jurandir Dias. “Nosso bom velhinho vai fazer falta. Sempre disposto, solícito, humilde. Vai fazer falta”, disse.

Na homilia, dom Fernando deixou claro o sentimento de todos na missa: “Nós viemos hoje aqui oferecer a Deus, de muito bom grado, a vida tão bonita do padre Roberto, que pregou e testemunhou o Evangelho de Jesus Cristo”, disse. “Estamos aqui para agradecer a Deus porque passou, por aqui, um santo”, concluiu o arcebispo.

A missa de sétimo dia do padre Roberto Singelyn será celebrada na próxima segunda-feira (22), às 19h30, sem a presença de fiéis, como orienta o decreto do Governo de Pernambuco (lockdown de 18 a 28 de março). Será feita transmissão ao vivo pelas redes sociais da Paróquia.
Pascom AOR
