Cerca de 70 mil romeiros passaram, nos últimos dias, pelo Convento de São Félix de Cantalice, na zona sul do Recife, para lembrar e homenagear Frei Damião, frade capuchinho que morreu há 19 anos. Neste domingo (29), o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, presidiu missa solene com a participação de fiéis de vários estados do Nordeste, que vieram para a Festa de Frei Damião.
Na homilia, Dom Fernando refletiu sobre o Evangelho do domingo, no qual um centurião romano, pagão, pediu a Jesus que ajudasse o seu empregado pobre. “Assim fez Frei Damião, durante sua vida aqui na terra: se preocupou com o irmão, serviu com amor, sobretudo aos pobres e mais necessitados”, comentou o arcebispo. Ainda segundo Dom Fernando Saburido, Deus nos envia pessoas modelares, que servem de exemplo para a humanidade. “Frei Damião é uma dessas pessoas, exemplo de doação, de forma que sua memória deve estar sempre viva em nós, para que possamos construir, a nossa maneira, um caminho de santidade como ele fez”, concluiu.
Bispos, sacerdotes e romeiros uniram-se em oração para lembrar a vida do frade capuchinho que pode se tornar santo. Frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de beatificação e canonização de Frei Damião, mostrou cópia do documento preparado por ele e que está nas mãos de teólogos e bispos no Vaticano. O documento contém o conjunto das virtudes heroicas de Frei Damião que, se receber parecer favorável, deve ser entregue ao Papa Francisco para ser declarado venerável.
Ao final da celebração, o artista Dudu do Acordeon entoou o hino a Frei Damião, acompanhado pelo povo com fervor: “Meu bom Frei Damião, eu sou nordestino, eu estou pedindo a sua bênção”.
História e devoção – Frei Damião nasceu em Bozano, na Itália. Filho de camponeses, se identificou com a vida dos mais simples aqui no Brasil, especialmente no Nordeste, onde chegou em 1930. A história do frade capuchinho é contada com emoção pelos romeiros que vêm ao Convento de São Félix de Cantalice, onde estão os restos mortais de Frei Damião. Muitos participaram, com o religioso, das caminhadas pelo interior, conhecidas como missões.
A dona de casa Rosângela Ferreira da Silva veio de Neópolis, em Sergipe, pela sexta vez, e conta que participou das missões quando ainda era criança. “Minha mãe me levava e eu aprendi a amar Frei Damião como um homem santo, que aconselhava e queria o bem de todos”, conta. Já a aposentada Helena Freire da Silva está na festa pela primeira vez. Veio de Pororoca, no Rio Grande do Norte e diz que acompanhou Frei Damião nas missões por Taipu, Ceará Mirim e Poço Branco, todos lugares pequenos e pobres do interior. Emocionada, relatou que “foi Frei Damião quem me deu o sacramento da Crisma, debaixo de um juazeiro, e eu acredito que ele é um santo porque toda graça que eu peço a ele, eu alcanço”.
AOR – Pascom