PASCOM AOR
Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR
O clero do Recife se reuniu na manhã desta segunda-feira, 25, com o prefeito da cidade, Geraldo Júlio. No encontro, realizado na sede da Cúria Metropolitana, bairro das Graças, sacerdotes e diáconos reafirmaram a disposição da Igreja em firmar parcerias com o poder público, mas também aproveitaram a oportunidade inédita para cobrar do chefe do executivo municipal intervenções, sobretudo, nas comunidades mais pobres da Capital.
Antes, ao lado do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido; do bispo auxiliar, dom Antônio Tourinho Neto; e do vigário geral, dom Genival Saraiva, o prefeito Geraldo Júlio fez um balanço dos seus dois anos e quatro meses à frente da prefeitura. Entre os dados apresentados, o prefeito destacou os investimentos em educação e saúde, que foram maiores do que os dez últimos anos anteriores, e as ações de lazer desenvolvidas em diversos bairros.
Convivendo diariamente com as múltiplas realidades da Capital, onde a arquidiocese tem 52 paróquias implantadas, o clero apresentou ao prefeito preocupações que vão desde a falta de controle urbano à retomada de obras importantes. Os padres Cícero Ferreira e José Augusto, das paróquias da Boa Vista e São José, respectivamente, cobraram mais atenção aos espaços públicos do Centro da cidade. De acordo com eles, é preciso recuperar as calçadas, praças, ruas e outras áreas degradadas e ao mesmo tempo organizar o comércio informal na região, sem expulsar os trabalhadores.
Sobre os projetos de requalificação para as áreas do Cabanga e dos cais de Santa Rita e José Estelita, o prefeito foi questionado sobre a legalidade do leilão do terreno à beira da Bacia do Pina. Segundo, Geraldo Júlio a venda foi feita pelo Governo Federal e a construção de empreendimentos na área foi autorizada pela antiga gestão. “A Justiça nunca julgou ilegal o processo. Durante sete meses fizemos a discussão com a sociedade e colhemos 283 propostas. Transformamos o projeto e hoje ele é inclusivo, bom para a cidade”, defendeu. “No próximo verão as obras começam”, acrescentou.
O pároco de São Paulo Apóstolo, em Jardim São Paulo, frei Rinaldo Pereira, denunciou o abandono da única praça do bairro, onde ocorre a exploração do espaço público para a realização de uma feira particular, e a ineficiência dos fiscais da prefeitura. “Vivemos em um bairro pobre que está tomado pelas drogas, onde o único espaço de lazer está abandonado, com equipamentos quebrados. Além disso, a upinha está com as obras se arrastando, o Hospital da Mulher também. Aliás, por trás do futuro hospital existe uma comunidade carente que vive no esgoto, é preciso olhar essas pessoas”, afirmou.
Frei Rinaldo aproveitou o momento e colocou os espaços da paróquia à disposição da prefeitura para a realização de cursos profissionalizantes. “Podemos, juntos, dar uma oportunidade a essas pessoas”, disse.
Para a área Norte do Recife, o pároco de Beberibe, frei Rosivaldo Torres, cobrou a presença da prefeitura na organização do trânsito e na implantação de espaços de lazer, e denunciou o abandono do centro social do bairro, hoje ponto de consumo de drogas. “Eu tenho um carro para fazer caminhada no bairro da Macaxeira, mas e quem não tem?”, questionou.
Em Santo Amaro, o padre Marcelo Júnior pediu o início da construção de uma creche no terreno ao lado da Igreja Matriz São Sebastião, na Avenida Norte. Segundo o sacerdote, o espaço tem sido usado para o consumo de drogas e como principal acesso ao templo, que nos últimos dois anos foi arrombado dez vezes, a última em janeiro.
Unânimes, os sacerdotes pediram ao prefeito que houvesse uma revisão na cobrança de impostos às igrejas. No caso da arquidiocese, respeitando o Acordo Brasil-Santa Sé, que garante a isenção fiscal dos templos e seus anexos.
Respostas
Após ouvir e anotar as reivindicações, Geraldo Júlio garantiu que tudo será repassado aos secretários responsáveis por cada área citada. De imediato, o prefeito anunciou que irá checar o início das obras da creche em Santo Amaro, a conclusão de obras no bairro do Cordeiro e dos trechos 3 e 4 do Canal de Guarulhos, em Jardim São Paulo.
“Um dos papéis do prefeito é esse, ouvir as demandas da sociedade. Tenham certeza que tudo aqui será levado para discussão e resolvido junto às suas comunidades”, assegurou o prefeito. “Queremos cada vez mais reforçar a importância dessa parceria com a Igreja. O poder público sozinho não consegue chegar a todos, e sabemos que a Igreja pode chegar a muita gente”, declarou.
