Criada há um ano, a Comissão Arquidiocesana de Intervenção Canônica nas Irmandades Católicas tem chamado à atenção de outras dioceses do Brasil. Na última quinta-feira (20), o bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, dom Gilson Andrade, e o advogado da cúria soteropolitana Antônio Figueiredo, estiveram no Recife para conhecer mais de perto o trabalho do grupo, que vai desde a exclusão do serviço de comercialização de jazigos e ossuários à dinamização pastoral dos templos, antes administrados exclusivamente por membros das confrarias.
Atual presidente da comissão de intervenção, padre Rinaldo Ferreira, apresentou as principais ações do grupo que é formado por dois sacerdotes, um diácono e dois advogados. Segundo o religioso, 36 irmandades católicas existentes no Recife foram submetidas a um processo de auditoria, que contou com a assessoria canônica do bispo auxiliar do Ordinário Militar do Brasil, dom José Francisco Falcão. Hoje 13 estão ativas, ou seja, ainda com membros. Dessas, dez são administradas por um comissário nomeado pelo arcebispo, dom Fernando Saburido.
Sabendo da importância de se intensificar o trabalho, a comissão arquidiocesana responsável pela intervenção incluiu as irmandades de Olinda. No município existem quatro confrarias sob intervenção Portanto, juntas Recife e Olinda têm atualmente, 17 irmandades responsáveis ativas. Outra mudança aconteceu por força de um decreto assinado por dom Saburido em fevereiro deste ano, ficou proibida a construção, vendas, locações, alienações, cessões e demais atos de transmissão de posse e propriedade de novos jazigos. A determinação vale para qualquer espaço pertencente às paróquias, irmandades, movimentos ou associações.
“É um trabalho pastoral exemplar que nós queremos levar para Salvador onde temos mais de 30 irmandades atuando, porém sem uma sintonia maior com a arquidiocese. Sabemos da importância desses grupos que existem há séculos e tanto contribuíram para o fomento da devoção dos fiéis, queremos nos unir e fortalecê-las”, afirmou dom Gilson. “A Igreja foi se atualizando ao longo dos anos para atender às realidades do seu tempo, é preciso que as irmandades acompanhem essa mudança e nossa intenção é começar adaptando seus estatutos ao Acordo Brasil-Santa Sé”, acrescentou.
“A comissão tem prestado, em nome do arcebispo, um grande serviço à Igreja, no que diz respeito à transparência administrativa e econômica, mas sobretudo, na promoção da consciência e do sentido de pertença das irmandades à arquidiocese”, disse, padre Rinaldo Pereira. Para o sacerdote, esse primeiro ano de atividades confirmou também a unidade da Igreja local de Olinda e Recife. “Somos uma Igreja, apesar da diversidade de dons e carismas, como disse São Paulo: ‘Em Cristo somos um’ e é uma alegria poder ‘exportar’ esse serviço para outras dioceses”, destacou.
Da Assessoria de Comunicação AOR