É PARA O ALTAR QUE CONVERGE O NOSSO OLHAR

 

Por Dom Bruno Carneiro Lira, OSB

Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Boa Viagem


            A santa Missa, centro da vida de cristã católica, tem como centro o altar, que é o próprio Cristo a pedra angular de Igreja. Para ele converge o nosso e olhar e reverência, pois é lá que se oferece do nascer ao pôr do sol, o Sacrifício Pascal de Cristo.

          Os primeiros cristãos celebravam a Eucaristia em cima dos túmulos dos mártires, nas catacumbas, devido a perseguição à Igreja empreendida pelos imperadores romanos. Eles aprenderam a valorizar o culto divino devotado ao Deus de Abrãao, de Isaac e Jacó e, tendo como fundamento a tenda que abrigava a Arca da Antiga Aliança e, posteriormente, o Templo construído por Salomão que com toda honra colocou a Arca como centro do culto; acostumaram-se e quiseram reservar um lugar especial para a celebração do Memorial da Nova e Definitiva Aliança. A partir desse princípio, os cristãos buscaram também ornar os seus santuários, basílicas, capelas etc. As grandes basílicas e santuários surgiram logo após o Edito de Milão, assinado pelo imperador Constantino, filho de Santa Helena, no ano de 313, dando paz aos cristãos. A primeira grande Basílica construída foi em Roma, a de São João de Latrão, por estar do lado do palácio do Imperador, dedicada a São João Batista e São João Evangelista. É hoje a Catedral de Roma, e o aniversário de sua dedicação, em 09 de novembro, é estendido como uma celebração de festa por toda a Igreja. O altar do sacrifíco, como já dissemos é sempre o centro.

          Para que a Missa se realize em sua integridade são necessários os vasos sagrados do altar. Eles dão a devida dignidade ao Culto Eucarístico, como aos demais sacramentos e sacramentais. A sacristia é o lugar onde esses objetos são guardados e limpos com todo o cuidado, pois estão intimamente relacionados com o Senhor, sobretudo o cálice e a patena que recebem o Corpo e o Sangue de Cristo. Dentre esses objetos destacamos a patena, que é um “pratinho” de metal. Sobre ela se coloca a hóstia maior. O cálice é uma “taça” revestida de ouro ou outro metal nobre. A âmbula é semelhante ao cálice, mas é um pouco mais larga e possui uma tampa. Após a celebração da Santa Missa é guardada no sacrário com o Corpo de Cristo. As galhetas são duas jarrinhas de vidro ou metal, em que numa delas se coloca o vinho e na outra a água. Elas estão sempre juntas numa bandeja, na credência, a mesinha que fica ao lado do altar. Deverá haver um crucifixo sempre voltado para o padre, em cima do altar ou do seu lado, lembrando que a Ceia do Senhor é inseparável do seu Sacrifício Redentor. Na Ceia, Jesus deu aos seus discípulos o Sangue da Aliança que foi derramado por todos para a remissão dos pecados (cf. Mt 26,28). A sineta ou campainhas são tocadas nos momentos da elevação do Corpo e do Sangue de Cristo, como também, no canto do Glória a Deus nas alturas da Noite de Natal e na Vigília Pascal. Aliás, somente nestas duas Missas, em todo o Ano Litúrgico, é que o Glória é acompanhado com o toque dos sinos. Infelizmente, observa-se que em muitas celebrações Eucarísticas as sinetas soam sempre que se canta o Hino de Louvor, é um puro subjetivismo sem nenhuma motivação litúrgica. O lavabo é uma espécie de jarra com bacia contendo água para o sacerdote lavar as mãos ao final da Apresentação das Ofertas ou quando impõe as cinzas e faz unções como os Santos Óleos.  Os castiçais com velas próximos ao altar, além de decorar o lugar do Sacrifício, lembra-nos que a chama da nossa fé é que dá sentido às celebrações. Com relação às alfaias do altar temos o sanguíneo que se trata de uma pequena toalha de linho branca, servindo para purificar o cálice, a patena e a âmbula após a Comunhão Eucarística. O manustérgio do vocábulo latino “manus”, que quer dizer mão, serve para enxugar as mãos do presidente da celebração após a Apresentação das Ofertas, acompanham as galhetas; hoje também se utilizam toalhas de mãos. A pala é uma peça quadrada dura, revestida de linho que serve para cobrir o cálice. O corporal, uma toalhinha também quadrada, de linho, onde se coloca o Corpo e Sangue do Senhor contido na âmbula, no cálice e na patena. O altar, como já falamos no início deste texto, é a peça mais importante do edifício cristão. Deverá ser de material sólido (pedra) e fixo. Ele representa o próprio Jesus Cristo na Liturgia, por isso que é consagrado com o santo Óleo do Crisma e nele são sepultadas as relíquias dos mártires, para lembrar aquela época dos primórdios da Igreja onde a Missa era celebrada em cima do túmulo dos mesmos. Aconselha-se que a toalha do altar seja de linho e nunca o cubra em sua parte frontal ou atrás, mas que caia, apenas, dos lados. Essa toalha deverá ser sempre branca, independentemente do tempo litúrgico vivenciado. Fora da Celebração Eucarística, o altar deveria estar descoberto como na celebração da Sexta-feira Santa, para mostrar mais o sinal do Cristo pedra de Igreja. Lembremos sempre que a altar não é “mesa de aniversário”, mas o lugar do sacrifício do Cristo, por isso deverá ser decorado com sobriedade e nunca se deve colocar cartazes ou outra coisa que minimize o sinal litúrgico. A caldeira que contém a água benta e o aspersório ou hissopo são utilizados para aspergir as pessoas ou objetos com a referida água. Os Santos Óleos, abençoados pelo Bispo em Missa própria, na manhã da Quinta-feira Santa, são guardados em depósitos de metal ou vidro e compreendem ao óleo dos Catecúmenos (aqueles que estão para se batizar), óleo do Crisma e dos Enfermos. Os lecionários são os livros que contêm as leituras da Santa Missa. São eles: o ferial ou semanal para as Missas que acontecem de segunda-feira ao sábado pela manhã; o Santoral utilizado nas solenidades, festas e algumas memórias dos santos; e, ainda o Dominical com as lições para os domingos e algumas solenidades. O missal é o livro do altar por excelência. Nele encontramos todas as orações para cada dia litúrgico, como também, os prefácios, orações eucarísticas, bênçãos e o ordinário da Missa. As vestes sagradas dos celebrantes são para os diáconos, a estola à tira-colo e a dalmática, uma espécie de capa quadrada com mangas que fica por cima da estola; para os presbíteros a estola cai entre o pescoço e é o símbolo sacerdotal, por cima se coloca a casula, uma espécie de capa grande arredondada. A alva é a veste branca que todo celebrante usa antes de pôr a estola e demais vestes. Vale lembrar que estas alfaias possuem quatro cores litúrgicas: o verde para o Tempo Comum; o branco, dourado ou prateado para as grandes solenidades; o vermelho para as celebrações do Domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, de Pentecostes e dos Mártires e o roxo para o Tempo do Advento, da Quaresma e celebração dos Fiéis Defuntos; a cor rosa é usada, apenas, duas vezes no Ano Litúrgico: no Terceiro Domingo do Advento e no Quarto Domingo da Quaresma, nos chamados domingos da alegria (Gaudete e Laetare, respectivamente) para mostrar que as festas (Natal e Páscoa) que estão sendo preparadas por esses tempos litúrgicos estão se aproximando.  Ainda temos o ostensório ou custódia, objeto sacro, geralmente, de metal precioso, destinado à exposição do Santíssimo Sacramento; o turíbulo que é um recipiente de metal para queimar o incenso; a naveta utilizada para guardar o incenso antes de ser deposto no turíbulo e, ainda, a estante do missal, um pequeno móvel de madeira ou metal onde se coloca o Missal durante a celebração da Missa.

          Como vemos, todos esses objetos são utilizados para a Santa Missa, a maior oração do cristão católico e centro da Liturgia. A Missa é o céu na terra, aliás, minutos antes da Consagração, ao final do prefácio, o padre convoca a nos unirmos à voz dos anjos e santos para cantar ao senhor, o Santo dos santos.

          Conhecendo os objetos litúrgicos utilizados em nossas celebrações e a importância do altar, para onde converge o nosso olhar, pensamos ter contribuído, através deste texto, com a qualidade das nossas participações nas santas Missas, pois só podemos amar aquilo que conhecemos. E assim, parafraseamos o salmo 67, 11b: ” com carinho preparamos uma mesa para aqueles que são pobres e humildes de coração”.